A Dieta Anabólica é considerada cetogênica cíclica porque limita a ingestão de carboidrato em 30g/dia durante 5 dias e permite elevação de CHO em 2 dias. Di Pasquale, autor da dieta, divulgou esse protocolo dietético como uma alternativa natural ao uso de esteroides anabolizantes androgênicos (EAAs), que possibilitaria resultados similares, porém de forma saudável e segura. Segundo o livro, a base para esta afirmação é a elevação dos níveis endógenos de testosterona (T) por meio da dieta, por essa razão, é conhecida como dieta anabólica e depois também intítulada de metabólica. Recomenda-se uma maleabilidade na quantidade de carboidrato tanto para mais, nos dias de restrição severa quanto para menos, nos dias de alta ingestão, com o objetivo de uma adequação ao perfil metabólico individual. Em congruência com os preceitos de Atkins, o autor coloca uma fase de indução de 12 dias para início da dieta, para depois inserir uma recarga de carboidrato que varia de 12 a 48 horas. Após esse início, durante os próximos 5 dias da semana se adota uma dieta muito pobre em carboidrato (cetogênica) e 2 dias com uma dieta rica em carboidrato. O autor ganhou bastante popularidade quando foi responsável pela política anti-drogas de uma empresa americana de entretenimento em Professional Wrestling. Mauro Di Pasquale reforça que nenhuma dieta em curto prazo substituirá os EAAs, mas que a dieta metabólica maximiza os níveis séricos de T, hormônio do crescimento e insulina, promovendo a hipertrofia (DI PASQUALE, 1995). Apesar disso, todas essas alegações precisam ser realmente comprovadas com estudos de alta relevância que analisem especificamente a dieta metabólica.
Obviamente, é leviano comparar resultados entre indivíduos que fazem utilização de EAAs com outros seguindo apenas a dieta metabólica. No entanto, existe uma associação entre dieta cetogênica e aumento da testosterona sérica, esse ponto está ligado, aparentemente, ao colesterol dietético, que influencia a produção de hormônios (SANTOS, 2017). Porém, é importante salientar que não ocorre um aumento suprafisiológico, portanto, não há como comparar com um ciclo de EAAs. Nesse contexto, torna-se interessante para tentar deixar a testosterona de um individuo natural no quadrante superior ou amenizar a redução dos níveis de T no período de restrição calórica. Outra vantagem seria no período de cessação do uso de hormônios, a fim de auxiliar na TPC (terapia pós-ciclo), como levantado pelo nutricionista-pesquisador Heitor Oliveira. Existe a necessidade de mais pesquisas sobre o mecanismo por trás da elevação da testosterona endógena através da dieta e os efeitos na composição corporal. Até então, os dados mostram que uma baixa ingestão de gordura no plano alimentar está associada com baixos níveis de T quando comparada com um consumo maior de lipídios. Além disso, a proporção dos tipos de ácidos graxos aparenta ser relevante para a produção de T.
Reitera-se que a flutuação nos níveis de testosterona dentro da faixa fisiológica não apresenta comprovação de aumento de massa muscular. Embora haja benefícios na sensação de bem estar, libido e ambiente favorável para menor percentual de gordura corporal (assertiva baseada na associação de baixa T com elevação de body fat). Contudo, outros parâmetros devem ser interpretados, a fim de se obter uma análise ampla do quadro hormonal.
Os autores do livro "The Testosterone Advantage Plan" afirmam que low fat diet não é a melhor opção de dieta para homens com base em estudos que apontam aumento nos níveis de testosterona em quem consome mais gordura. Apesar disso, culturalmente, as dietas restritas em lipídios foram significativamente mais disseminadas no meio do fisiculturismo, a fim de obter uma maior quantidade de carboidrato e proteína no plano alimentar (com influências de dogmas instituídos como Lipídios & DCV). Possibilita-se presumir que a ausência de preocupação em relação à produção de hormônios endógenos também está relacionada ao uso exógeno. No entanto, praticantes naturais não usufruem dessa vantagem, por isso não se recomenda reproduzir integralmente protocolos (dieta, rotina de treinamento, percentual de gordura) de usuários de EAAs, pois o cuidado com a produção endógena deve estar presente.
De modo geral, esse assunto movimenta, inclusive, a indústria de suplementos. Pois, a testosterona tem efeitos encantadores, sobretudo, em relação à musculatura por causa do aumento da síntese proteica, aumento de massa magra e força muscular. Em razão disso, alternativas naturais aos hormônios sintéticos foram surgindo no mercado com discursos livre de evidências cientificas (ou seja, apenas resultavam em indivíduos ludibriados mas com uma leve elevação no desejo sexual, quando muito). No que concerne ao papel da dieta, existe uma forte ligação da alimentação com os níveis de T endógenos, porém, ressalta-se, novamente, que nenhum método dietético é capaz de sobrepor os efeitos de um ciclo de EAAs. Entretanto, as elevações conquistadas através da dieta não apresentam os efeitos colaterais da utilização de recursos exógenos, como, por exemplo, hipogonadismo, atrofia testicular, ginecomastia etc. Em suma, a controvérsia continua altamente inerente a esse debate e existem muitos outros tópicos polêmicos sobre nutrientes e não-nutrientes relacionados ao perfil hormonal.
Di Pasquale, M. G. (1995). The anabolic diet. Optimum Training Systems.
Santos, H. O. (2017). Ketogenic diet and testosterone increase: Is the increased cholesterol intake responsible? To what extent and under what circumstances can there be benefits?. HORMONES, 16(3), 266-270.
Schuler, L., Volek, J., Campbell, A., & Mejia, M. (2002). The Testosterone Advantage Plan. Rodale.
Nenhum comentário:
Postar um comentário