terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Suplementos contaminados

Lembro-me da primeira vez que fui comprar um suplemento, já escutava comentários sobre a presença de esteroides anabolizantes naqueles potes chamativos situados na estante da loja mais próxima. Em resposta, alguns gym rats proferiam o seguinte: melhor ainda! 2 em 1, compro suplemento e vem junto um anabolizante.

Devido ao alarde desmedido feito por indivíduos avessos à suplementação, esse assunto não ganhou grande repercussão e foi ridicularizado pela ampla maioria dos praticantes de musculação. Tendo em vista que, apesar da aceitação atual, a suplementação nem sempre foi vista com bons olhos até mesmo por profissionais da saúde. No qual teciam comentários firmes totalmente contrários ao uso de suplementos. Por conta disso, a possibilidade de viés ideológico resultou em ridicularização do alerta.

Entretanto, casos de suplementos alimentares contaminados com fármacos, incluindo hormônios, são comuns. Para exemplificar, uma renomada empresa brasileira no ramo de suplementação teve sua fábrica interditada no ano de 2007 devido a suplementos contaminados com a substância Sibutramina, que é um fármaco sacietógeno de uso controlado. Por este motivo, foi responsável por casos de doping em jogadores de futebol, já que esse medicamento está na lista de substâncias proibidas.

A USADA (Agência Antidoping dos Estados Unidos) divulga em seu site uma lista de suplementos de alto risco, ou seja, que contêm substâncias ilegais. Nessa relação, vê-se mais empresas pouco conhecidas e os principais agentes dopantes são estimulantes como DMAA, DMBA, BMPEA, Efedrina e outros fármacos da classe das anfetaminas. Existe também a presença de compostos anabólicos como SARMS, DHEA, turinabol e algumas drogas precursoras de hormônios.

Ao analisar os suplementos destacados, alguns já indicam no rótulo a presença da substância proibida, como por exemplo um “suplemento” chamado SARMS, que continha Ostarine, que é um modulador seletivo de receptor androgênico (SARMS). Apesar de conter substância ilegal, esses produtos são facilmente encontrados, principalmente, nos EUA e de compra facilitada pela internet.


O destaque está nos suplementos cujos rótulos estão incompletos, pois substâncias proibidas encontradas não foram indexadas na composição do produto. Sendo assim, acende-se o sinal de alerta porque foram encontrados BCAA + glutamina contaminados com SARMS, creatina com SARMS e multivitamínico com androstenediona. 

Essas contaminações podem causar prejuízos tanto na imagem quanto na carreira de atletas devido a uma falha nos testes antidoping. Além disso, a saúde de quem consome fica comprometida já que as substâncias dopantes não são discriminadas na embalagem. Sendo assim, os consumidores estariam afetando o quadro hormonal endógeno com esses agentes anabólicos, a depender da dosagem e tempo de utilização. E no caso dos estimulantes, há risco de complicações cardiovasculares e possíveis danos hepáticos e renais. 

Dessa forma, recomenda-se orientação de um profissional capacitado antes de efetuar compra de qualquer tipo de suplemento. Pois, apesar da impossibilidade de prever contaminações, existe uma conduta para futuros esclarecimentos caso ocorra falha nos testes antidoping. Além do mais, pelo conhecimento de mercado, existe uma recomendação de empresas idôneas e com maior índice de confiabilidade. 

O nutricionista também alertará sobre determinados produtos intitulados como suplementos alimentares, quando, na verdade, são compostos anabólicos orais (geralmente pré-hormônios). E também alertará sobre “pré-treinos” com grande quantidade de estimulantes da classe das anfetaminas. No caso de atletas profissionais, deve-se estar inteirado sobre a lista de substâncias proibidas divulgada, anualmente, pela WADA (Agência Mundial Antidoping). 

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