Quando avalio o físico do paciente sempre aponto as características para uma boa estrutura corporal. Dentre elas, existe a proporção de membros, isto é, parte superior e inferior do corpo com um bom desenvolvimento muscular. Evita-se (nos homens), o famoso “sabirila” (termo disseminado pelo grande professor @waldemarguimaraes), que significa: pernas de sabiá + tronco de gorila.A orientação do avaliador precisa ser ainda mais incisiva naqueles indivíduos que já apresentam uma desproporção e estão em uso de esteroides anabolizantes. Tendo em vista que, segundo Cunha (2004), a administração de testosterona ou seus derivados aumenta, em diferentes proporções, a massa muscular das regiões superior e inferior do corpo. No homem, os músculos peitorais e os dos ombros apresentam maior resposta aos hormônios androgênicos do que os músculos dos membros inferiores (Hamilton, 1948).
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Como se pode visualizar na imagem: segue outro exemplo que corrobora com a afirmação de Fry et al, pois a dobra subescapular foi a que apresentou a maior espessura na avaliação realizada no fisiculturista Alexandre Pamplona (@pamplonabodybuilder) pelo prof. João Moura do site treino em foco (@treinoemfoco).Ao refletir sobre o conceito “dobra teimosa” no meio do fisiculturismo masculino, nota-se que, apesar da individualidade na distribuição de gordura corporal, existe uma tendência da dobra subescapular ser a maior dentre as demais. Portanto, é interessante o aumento do número de avaliações antropométricas em fisiculturistas. Desse modo, pode-se criar um padrão, além de comparar as medidas coletadas com o desempenho do atleta.Embora o somatório de dobras não seja um dos parâmetros avaliados pelos árbitros, a informação visual gerada pela espessura das dobras cutâneas é preponderante. Pode, também, funcionar como registro para o atleta em casos de falhas na finalização, no qual o físico mesmo com baixa quantidade de gordura corporal não fica com a aparência ideal no dia da competição.
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Ao procurar entender o motivo do maior acúmulo de gordura na região das costas, vemos que segundo Fry et al: isso parece ser comum em homens por causa da distribuição androide, correlacionada com fatores hormonais. Em razão disso, o local abaixo da escápula é uma das últimas regiões a baixar no processo de definição. Como já relatado, a maioria dos artigos que avaliam dobras cutâneas em fisiculturistas corroboram com essa afirmação..Bem interessante!
Mais um estudo com fisiculturistas na qual a dobra subescapular apresenta mais milímetros que as demais (isto é: região de maior acúmulo de gordura corporal). Os atletas foram avaliados antes da pesagem oficial, ou seja, estavam praticamente prontos para a competição. Nesse artigo foi utilizado o protocolo Jackson & Pollock, que apontou uma média de 5,4%. Caso fosse o protocolo Faulkner, o percentual seria de aproximadamente 9,3%. Por este motivo, preferível analisar individualmente as dobras e o somatório. Quanto à somatotipologia, a mesomorfia também foi predominante nesse artigo, uma característica do esporte em questão.
Divaga-se sobre um padrão ideal de milímetros em cada dobra cutânea para estar no ponto de uma competição de fisiculturismo. Pois, apesar de muitos equívocos, a semana de finalização não é para reduzir gordura, mas sim manipular o volume de água e glicogênio. No entanto, ainda não se tem esse padrão, talvez seja interessante criar para induzir os atletas a apertarem mais a dieta com o objetivo de chegar na competição com o menor somatório de dobras possível, ao invés de apostar todas as fichas na semana final com abuso de diuréticos, sauna e banho de imersão. .
Mais uma tabela do mesmo estudo abordado na postagem anterior.
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Podemos ver que a média de percentual de gordura foi de 9,65% (o mínimo chegou a 8,92%), segundo o protocolo Faulkner. Importante destacar que as avaliações foram realizadas momentos antes da competição de nível nacional. Com esse dado, alguns indivíduos podem indagar sobre o valor obtido, por estarem habituados a ouvir percentuais menores quando se refere a fisiculturistas competitivos. .
Entretanto, ao falar em body fat, deve-se sempre saber o protocolo utilizado. Um exemplo da disparidade entre as equações preditivas de gordura corporal é a comparação entre Faulkner e Pollock, o segundo pode chegar à metade dos valores do primeiro.
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Outro ponto que precisa ser enfatizado é a somatotipologia. Nos resultados do estudo, predominou-se a mesomorfia devido, sobretudo, ao índice de muscularidade e baixa quantidade de gordura corporal. .
Segue tabela de um estudo interessante sobre a composição corporal de fisiculturistas.
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Destaques:
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menor dobra cutânea = bicipital
maior dobra cutânea = subescapular
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Esse perfil de distribuição de gordura corporal é comum. Trata-se, portanto, de um dado que reflete bastante o que é visto em muitos praticantes de musculação e atletas de fisiculturismo. As poses de costas (duplo bíceps, expansão de dorsal) acabam sendo um problema pelos milímetros a mais em comparação com as outras dobras cutâneas (DC). Nesse caso, diferentemente de determinados indivíduos, o acúmulo de gordura é maior na região abaixo da escápula do que no abdômen. É relevante ressaltar que algumas DC são conhecidas por serem mais baixas de uma maneira geral, a exemplo da dobra bicipital. .
Trecho do livro de Lyle Mcdonald "The Ketogenic Diet: A complete guide for the dieter and practitione":. "Muitos levantadores subestimam seu percentual de gordura corporal, achando que são mais magros do que realmente são. Apesar dos problemas associados aos adipômetros, eles fornecerão medições precisas, desde que certas diretrizes sejam mantidas em mente. Ao mapear as medidas cutâneas individuais, os atletas podem acompanhar as mudanças que ocorrem, boas ou ruins, durante a dieta. Uma leitura de dobras cutâneas de 3-4 milímetros indica magreza máxima. Se um fisiculturista permitir que uma dobra cutânea se aproxime de 20 mm durante o off-season, ele terá um problema quando for a hora de fazer dieta para secar.".
O nutricionista não é um “cookie cutter”! Vai muito além de estimular uma alimentação rica em alimentos in natura e pobre em ultra-processados. Entretanto, muitos indivíduos pensam que o papel do profissional de nutrição se resume a obviedades do conceito saudável, isto é, retirar fast-food, refrigerante, biscoitos, doces, salgadinhos, bolos etc. Algo que todos sabem que não devem ser base de nenhum tipo de plano alimentar..Porém, é uma presunção falar que está fazendo uma dieta só por seguir esses preceitos (até porque existe uma deturpação, na qual são criadas listas de alimentos proibidos). Precisa-se tomar conhecimento que se tratam de recomendações generalistas, embora saudáveis, não são personalizadas. Em razão disso, mesmo seguindo essas orientações, várias pessoas continuam insatisfeitas com a imagem corporal, apresentam uma baixa sensação de bem-estar e parâmetros bioquímicos alterados. Ou seja, precisam de um acompanhamento nutricional.
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Longe de toda a polêmica relacionada ao tema, penso que quanto maior o leque de estratégias nutricionais, melhor será para os profissionais da nutrição e, consequentemente, para os pacientes. Obviamente, os extremismos de ambos os lados devem ser banalizados (ex: jejum prolongado com dieta desestruturada; exclusão de vegetais, frutas e fibras; dietas ricas em sacarose e gordura trans). O objetivo deveria ser consolidar as estratégias no arsenal de escolha do nutricionista, ao invés de atacar métodos opostos com o intuito de eleger o melhor tipo de dieta.
Seguem as palavras de um expoente na comunidade low carb, @jcsouto, comentando um estudo de Gardner que apontou resultados similares entre low carb e low fat na perda de peso em 12 meses:“(...) Poucos anos atrás, low carb era condenado porque seria uma alternativa doida, com riscos fictícios para os rins, fígado e coração. Hoje, a questão é tentar demonstrar que não é TÃO bom assim, e muita gente respirou aliviada quando finalmente surgiu um ensaio clínico randomizado que não mostrou SUPERIORIDADE de low carb. Estão comemorando equivalência. Se é equivalente, precisa ser incorporado às diretrizes nutricionais como opção válida e ensinado nas faculdades.”Existem muitos caminhos para um bom estado de saúde (seja por meio de: jejum intermitente, refeição de 3 em 3 horas, low carb, low fat), por este motivo, todas essas estratégias devem ser ensinadas na graduação. Dessa maneira, os extremismos serão veementemente combatidos pela disseminação de conhecimento acerca dos métodos com respaldo cientifico.
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Naturais precisam se atentar ao contexto das dietas propagadas no fisiculturismo. Em sua maioria, prevalece um maior consumo de carboidrato e proteína, baixa gordura dietética (às vezes muito baixa). Talvez a reprodução desse tipo de dieta em praticantes de musculação não-hormonizados não seja a conduta ideal, quando se preza pelos valores séricos de testosterona. Haja vista a importância da ingestão de lipídios para síntese desse hormônio. Não obstante, não significa que quanto mais gordura na dieta, melhor. Portanto, seria um erro caso eu fosse categórico e apontasse qual é a melhor dieta para naturais. Apenas ressalto que a tríade (dieta, treino, descanso) é preponderante e deve estar em congruência às condições do indivíduo. .Quando se fala nesse cenário, fatores como: bem-estar e saúde são metas estipuladas junto ao objetivo estético. Por isso, a periodização nutricional de naturais não deve ser semelhante a quem utiliza hormônios, principalmente quando falamos em cutting (período de perda de gordura), que precisa ser infrequente para garantir ganhos sólidos ao final do processo. Além disso, manter-se, por um longo tempo, com percentual de gordura corporal muito baixo é contraproducente porque impede uma evolução no físico, expõe a musculatura à fogueira do catabolismo, além de afetar os níveis hormonais por forçar a condição estética através de uma baixa ingestão energética prolongada. .#nutricao #nutricionista#naturalbodybuilding #bodybuilding #dieta #nutrition #nutricaoesportiva #arlindosdiet
